Pontes Indestrutíveis - releitura dos paradoxos
No ermo da alma, feito beira de abismo, ia o moço com o peito trincado, sem rumo e sem rezas prontas. Mundo de roda-torta, chão que range, céu que some. Mas dentro do peito, um tiquinho de fé — como brasinha que não se deixa.
Ia dizendo pra si, como quem reza baixim: “Que os tortos não entortem meu rumo, que os ocos não me desfaçam.” E os anjos — esses que voam com leveza de quem já sofreu muito — cochichavam nos ventos: “Só os de coração inteiro sabem dos de mentira.”
Naquele andar brabo, encontrou gente que corre junto — uns que mesmo sem palavras, firmavam o passo do lado. E soube ali: cuidar de quem cuida é como plantar flor em meio ao pedregulho — raro, porém bendito.
As pontes que ele pisava eram invisíveis, feitas de gesto e verdade. Não desmanchavam com chuva de mágoa nem com trovão de dúvida. Eram de amor puro, esse que constrói coisa grande: pontes de alma, indestrutíveis.
Disse então, como quem escreve destino em pedra mole: “Se é pra ser, que seja inteiro. Se é pra viver, que seja livre. E se é pra construir... que seja com amor.”